Itália - parte 2
As bebidas e as comidas
As bebidas
O que achei mais interessante com relação às
bebidas na Itália é que no almoço e/ou na janta, normalmente não se bebe
refrigerante. Vi pessoas bebendo vinho, algumas bebiam até mesmo cerveja – mas
o mais comum mesmo é um copo d’água junto com a refeição. Pra mim a ideia
sempre me pareceu estranha porque água com refeição sempre me fez inchar, mas
até que me acostumei à ideia. Comecei a beber mais água depois de ir pra
Itália, porque a água lá é muito boa. Tem um gosto incrível e o melhor de tudo
é que existem fontes pela rua, e você pode beber a água diretamente dali.
Algumas pessoas até enchem suas garrafinhas com a água das fontes que encontram
pela rua. Incrível. Quando eu disse a algumas pessoas que se bebe refrigerante
no almoço aqui no Brasil, todos achavam muito estranho.
As cervejas
Gostei
de muitas cervejas italianas, mas as minhas preferidas foram a Peroni e a
Moretti. A cerveja
Tennent's é uma cerveja por eles chamada
strong e me deixava meio mal depois de uma só garrafa. O efeito é instantâneo,
depois de uma long neck já não estava mais sóbria. Sou bem fraca, mas aquela
cerveja é bem forte mesmo! Ao menos assim me disseram. As cervejas normalmente
são bem caras no bares (uma caneca de cerveja custa 5 euros, equivalente a
quase 15 reais!). O que achei interessante é que as latinhas de cerveja tem
normalmente 500ml, e a cerveja média (em um copo) tem 400ml.
A
Fanta
Primeira de tudo: Fanta uva não existe na
Itália. Além disso, a Fanta laranja italiana não é laranja, paradoxalmente, e
tem uma cor estranha tipo bege. Uma noite, estávamos em um bar chamado The Moon, em uma cidade chamada Venaria
(Turim), que é onde meu namorado mora. Um amigo dele chamado Roberto Vietti
pediu uma Fanta ao garçom, e então me perguntei como é que ele faria pra descobrir
se o Roby queria Fanta laranja ou uva, mas depois entendi que só existe a
laranja na Itália. Quando seu pedido chegou, aquela cor me interessava muito,
porque aqui no Brasil a cor da bebida é bem parecida à cor da latinha: bem
laranja, bem abóbora! Mas lá a bebida tem uma cor bem mais clara.
A
caipirinha
Eles
conhecem a nossa caipirinha, mas em muitos bares vi escrito
"caipiriña", o que me fazer pensar que talvez eles pensem que é uma
bebida espanhola e não brasileira!
A
grappa
Muito
tradicional, a grappa é uma bebida alcoólica que é feita com resíduos de bagaço
de uva. Achei fortíssima (me lembrava um pouco a nossa cachaça).
O
spritz
Agora se tornou muito popular esse aperitivo
chamado spritz. Na cidade de Pádua, o couchsurfer
Fabrizio Culotta me apresentou ao spritz, que praticamente é uma mistura de
vinho branco (ou Aperol ou então Campari) e água com gás. A cor era um pouco
alaranjada, e no bar onde estávamos o spritz era servido com batatinhas fritas
tipo Ruffles.
O
vinho
Diria
que o vinho é a bebida alcoólica mais apreciada pelos italianos. Não só durante
as refeições: muitas vezes amigos que saem à noite juntos passam no
supermercado e compram uma, duas, três garrafas de vinho e qualquer lugar é uma
boa ideia para se sentar, abrir a garrafa, beber e bater papo. Existem inúmeros
tipos de vinhos, então pergunte a alguém qual vinho te recomendam e você vai
sempre ter uma resposta boa.
As comidas
Certamente essa será a seção
mais longa desse livro! Infelizmente não sou uma expert em culinária, então a minha visão descrita nesse livro é
absolutamente superficial e sem muito aprofundamento específico. Fiz minhas
simples e rápidas anotações em um pequeno diário todas as vezes em que ia a um
restaurante e comia algo novo. Tudo era novidade!
É fácil perceber que os
italianos tem bastante orgulho da culinária deles. A primeira pessoa que me fez
perceber isso foi um amigo especial chamado Andrea Cavallo, uma pessoa incrível
que tive a sorte de conhecer. Em um bar chamado Manhattan, em Turim, ele me falava de tantas comidas e bebidas
italiana, por bastante tempo. Os italianos sentem prazer em recomendar algo e
querem sempre farti assaggiare (fazer
você provar) algo propriamente italiano, seja um das inúmeras combinações com a
pasta, seja com algum doce, enfim.
Esse comportamento fazia com que eu me sentisse constantemente convidada a
entrar no mundo deles: a cada mordida ou gole que eu dava, provando algo novo,
via nos olhos deles a curiosidade de saber se aquilo tinha me agradado ou não,
esperando uma resposta positiva claro, como se dissessem: “e aí, gostou?” Posso
dizer que 95% desses momentos terminaram com um gesto meu facial (não falava
porque comia ou bebia ainda) como se eu dissesse “nossa, é bom mesmo!” e em
segundos eu recebia um olhar em resposta à minha reação, como se me dissessem:
“viu? É bom mesmo e eu tinha certeza de que você iria gostar”.
A culinária italiana é mesmo
tradicional e muitos italianos comem não só porque tem fome (às vezes nem estão
mais com fome!), mas também solo perché è
buono! (só porque a comida é boa).
A
senape
Existe uma coisa chamada senape, que é
parecida com a nossa mostarda, mas o que acontece é que existe uma outra coisa
chamada mostarda, mas é uma amarelo
quase bege. O que fiquei sabendo é que a mostarda deles é uma preparação
picante a base de senape. Já que ela é amarela como a nossa mostarda, e a
mostarda deles é bem diferente, quando fui fazer estrogonofe para alguns amigos
italianos (ninguém o conhecia!), usei a senape.
As
frutas
O limão que eles usam lá é aquele limão
siciliano, o amarelo. Até tem limão verde, mas fica numa parte pequenina do
mercado, na seção "frutos exóticos", que é onde fica a manga (com uma
plaquinha escrito: origem: Brasil), assim como o mamão, a carambola etc. A maçã
deles é amarela e não vermelha! É muito comum comer morangos como sobremesa,
depois do almoço por exemplo. É normal cortar os morangos em pedaços pequenos e
adicionar suco de limão. Fica ótimo, um líquido vermelho que o limão faz o
morango soltar.
A pasta
Sim,
eles comem massa todo dia. Todo dia. Realmente tutti i giorni.
Existem milhares de tipos de fazer a pasta, para citar algumas:
Pasta al pesto (uma muito
famosa da qual todos gostam muito, é simplesmente massa com pesto, que é um molho a base de
manjericão)
Spaghetti al pomodoro (espaguete
com molho de tomate)
Bucatini tonno e acciughe (esse é o
macarrão furadinho com atum e anchovas)
Tagliolini al ragù di tonno (esse é o
macarrão fininho, com o que conhecemos como molho bolonhesa, e atum)
Gnocci
alla crema di ricotta (nhoque ao creme de
ricota)
Spaghetti
ai frutti di mare e patate (espaguete com frutos do
mar e batatas)
Existem
outros mil tipos de pasta, mas todas que comi eram sempre muito boas. Uma coisa
engraçada é que não pensava que a lasanha fosse considerada pasta, mas é, e é comida como primo piatto, ou seja, depois da lasanha
ainda se come o secondo piatto. Aqui
no Brasil se come lasanha e basta, é a refeição completa... pelo menos na minha
casa sempre foi assim.
A pizza
Todas as vezes em que fui a um restaurante e pedi
uma pizza, o que eu recebia era na verdade uma pizza família super gigante. Eu
infelizmente fazia uma figurona porque não conseguia comer tudo. É incrível, a
pizza ocupava o prato todo! A dizer a verdade, eu esperava que a pizza fosse
uma coisa do outro mundo, pelo que me haviam dito sobre a pizza italiana. Mas
na verdade não senti muita diferença entre a pizza italiana e a brasileira. A
única diferença que notei é que a borda da pizza italiana é normalmente
queimadinha.
As refeições
Os
italianos comem tudo separado. Primeiro vem o primeiro prato (pasta, salada,
sei lá, qualquer coisa) e depois é que se come a carne (frango, porco, etc). Em
Centocelle, Roma, quando cozinhei o estrogonofe, o primeiro prato foi uma
salada. Então se come a salada toda sozinha e depois sim vem o
estrogonofe. Um amigo que visitava Roma comigo, Giuseppe Alessandro, também não
conhecia o estrogonofe, e realmente não se demonstrava muito confiante enquanto
eu cozinhava. Acho que os italianos pensam que só eles sabem cozinhar bem!
Brincadeiras à parte, um jantar para eles pode ser
simplesmente macarrão com molho ou um prato de frios com salame (que é muito
bom!). De manhã, comer algo salgado é estranho pra eles. Em um bar, uma vez, pedi
um pão com salame e meu namorado me disse: ma
che strano! Na verdade estranho mesmo foi ver que se come coisa doce de
manhã, que é o que eles chamam de brioche,
como se fosse um salgado de chocolate...
Comidas que recomendo
La
bresaola
Conheci a bresaola
através do Lillo, meu namorado. Nunca
tinha ouvido aquele nome antes, e acho que a minha vida pode se dividir em duas
fases: a fase pré-bresaola e a pós-bresaola. Praticamente a bresaola é obtida da carne de boi mas se
come crua. Se comem fatias bem fininhas de bresaola com bastante azeite por
cima, ou então com i grissini (que
são pequenos bastões torrados de pão, e que possuem vários sabores).
La
porchetta
A porchetta
é a carne de porco assada italiana, que é uma das minhas comidas preferidas. Em
Ariccia, uma cidadezinha perto de Roma, a porchetta
era absolutamente perfeita. Meu anfitrião Gianni me levou lá e comemos pão com
porchetta, assim sem mais nada. O melhor e mais simples sanduíche da minha
vida!
Le
olive ascolane
Em um restaurante na minha primeira noite em
Roma, meu anfitrião Gianni me sugeriu comer le
olive ascolane¸que eram azeitonas à milanesa, ou seja, fritas como fazemos
o bife “à milanesa” aqui no Brasil. Gostei muito das azeitonas assim.
O
kebab
Algumas coisas que comi na Itália, nunca as
havia comido no Brasil antes. O kebab é
uma delas. Até existe em São Paulo, mas não no Rio. Praticamente é um sanduíche
(normalmente embrulhado em forma de cone) com pedaços de carne dentro, salada,
batata frita etc. Não é algo que se deve comer todo dia, mas ao menos uma vez
se deve provar. A carne é assada em um espeto vertical (é um pedaço de carne
gigante!) e o kebab é muito conhecido
na Itália.
O
supplì
Essa bolinha de massa frita com arroz é muito
boa, e quando a comi pela primeira vez, quentinha, me apaixonei. Recomendo!
Coisas que não existem ou não são muito
apreciadas
Na Itália não se come manga, mesmo
existindo no mercado. São poucas, em uma seção separada que ninguém costuma
ver. Lá
também não existe (ou seja, não se conhece): mamão, coco verde (só existe o marrom)
e tantas outras frutas; leite condensado; doce de leite; guaraná; coração de
galinha (e normalmente se franze a testa quando falo que se come coração no
Brasil) e tantos outros alimentos.
O azeite
O azeite é muito usado na Itália, até mesmo para
fritar. Mas o azeite considerado como o melhor é o extra virgem, claro.
O gelato
O sorvete italiano não se compara a nenhum outro que
eu já havia comido no Brasil. Sinceramente. Existe o tipo industrializado, mas
o sorvete caseiro é sem dúvida o melhor de todos. Entrar em uma gelateria era
como entrar em um sonho, com tantos sabores para escolher... Qualquer hora é
hora pra um bel gelato e existe
até gelato de Kinder Bueno!
O pão
Não se
come pão com manteiga (que em italiano se diz burro, leia depois na seção “A língua italiana” os falsos cognatos)
ou margarina: lá se come pão com salame, pão com presunto ou queijo, enfim,
sempre sem manteiga ou margarina. Existe um tipo de pão que se chama focaccia, é como se fosse pão com azeite.
É muito bom também!
O
pepperoni
O nosso pepperoni, que é aquele salame
picantinho (americano), na Itália é como o nosso pimentão. Ou
seja, pedir uma pizza de pimentão não seria uma boa ideia!
O
presunto
Não existe somente presunto
cozido, mas também presunto cru (prosciutto
crudo). Só não esperava que fosse tão bom!
O queijo
Existem
milhares de tipos de queijo: a ricota, o gorgonzola, a mozzarella, o queijo
parmesão, a toma... todos muito bons e com texturas diferentes.
Salsiccia
x Wurstel
A nossa salsicha não é a salsiccia deles, porque a salsiccia deles é a nossa linguiça, mas
uma linguiça meio marrom, mas muito boa também. A nossa salsicha nossa lá se
chama Wurstel, que é um nome alemão, mas se chama assim.