RSS

About

Joguei o about pra esse lado

Itália - parte 1

Itália - Parte 1

A casa e a imagem do Brasil para os italianos


A casa
 
A primeira casa italiana em que entrei foi um apartamento no bairro de Centocelle, Roma. Era o apartamento de um senhor chamado Gianni, e ele me hospedou na sua casa sempre com muita receptividade e com sorrisos a troco de nada... Lá vivia um colombiano também muito simpático chamado Michele e assim que nos conhecemos me fez sentir muito bem-vinda naquela casa. O bairro Centocelle era bem simples, mas foi o primeiro lar em que entrei e foi muito especial.
Os membros italianos da comunidade Couchsurfing, da qual faço parte, sempre foram muito receptivos comigo, abrindo a porta de suas casas para uma brasileira louca, mochileira, apaixonada pela Itália e com tanta curiosidade de conhecer tudo e todos. Nas cidades em que fui (Roma, Florença, Milão, Turim, Pádua e Veneza), percebi que a casa é um ambiente especial para os italianos, e notei algumas coisas de diferente ou estranho com relação ao espaço físico da casa e alguns hábitos.
 
A cozinha
Em todas as casas que entrei na Itália (e em albergues e hotéis também) tem água quente (virar a torneira para a esquerda) e água fria (para a direita). A água é potável, ou seja, você pode tomar banho e não se precisa preocupar ao beber um pouco daquela água. É assim não só nos banheiros, mas na cozinha também. Normalmente na pia existem duas pias, e pode-se encher a esquerda com água bem quente (girar a torneira toda para a esquerda), colocar a louça suja ali e depois lavá-la na pia da direita: bem prático! O que descobri também é que existe um padrão na cozinha: o lixo fica embaixo da pia, junto com o detergente e a esponja.
 
A limpeza
Nas casas não tem ralo, então para fazer a limpeza, não se usa tanta água como usamos aqui. Enchemos um balde d’água e jogamos pelo piso, por exemplo, da cozinha. Na Itália isso não existe: eles retiram o pó e usam panos umedecidos, mas nada de balde cheio d’água! Se usa vassoura e pano mesmo.
 
O aquecedor
Em todas as casas e em todos os cômodos o aquecedor está lá, presente. Sem o aquecedor, durante o inverno, todos morreriam! Engraçado notar que o aquecedor lá é uma necessidade pra eles (o frio que peguei de 6C era já insuportável, imaginem temperaturas negativas) e aqui no Brasil o ar condicionado é mais luxo que necessidade.
 
O banheiro
Em muitos banheiros em que entrei, existia sempre um bidê, que aqui no Brasil só encontro em casas muito antigas. O bidê é uma solução incrível e prática! Em todos os banheiros das casas em que entrei, existia sempre uma banheira. Perguntei a muitas pessoas como se faz para tomar banho assim, e muitos me disseram que tomam banho sentados ou então até mesmo em pé, dentro da banheira. Ao menos aqui na cidade do Rio de Janeiro, onde moro, nunca vi nenhuma casa com uma banheira. Quem tem banheira em casa normalmente pertence a uma classe social mais alta aqui.
 
O chuveiro
Muitos chuveiros são removíveis, como o nosso chuveirinho. É como um chuveirinho enorme removível da parede, achei muito mais fácil de tomar banho assim! Assim que cheguei em Roma não sabia bem como usá-lo, porque aqui no Rio pelo menos os chuveiros são todos fixos, ao máximo se remove o chuveirinho, mas lá normalmente a ducha inteira é removível.
 
O lixo
O lixo é separado em casa, ou seja, existe um lixo para plástico, outro para vidro etc. No começo achei complicado, já que aqui no Rio o lixo na cozinha por exemplo, é um lixo comum. A separação do lixo é feita depois pelos coletores. Uma coisa que achei muito estranha é que normalmente no banheiro se joga o lixo fora no vaso sanitário (enquanto aqui o vaso entope sempre!) e não em uma lixeira. Absorventes femininos obviamente devem ser jogados em uma lixeira, mas dentro dos banheiros não existem lixeiras, então papel se joga no próprio vaso.
 

A imagem do Brasil para eles

Durante minha estadia na Itália, tive muita sorte. Não sofri preconceito: a discriminação passou longe. Conheci pessoas fantásticas, mas infelizmente todos nós sabemos que existem estereótipos já prontos sobre cada nação, e o Brasil não foge da regra. Em poucos dias descobri que na Itália se pensa que nós somos um povo muito simpático e receptivo. Reconhecem a qualidade do nosso futebol, a beleza natural no nosso país tamanho gigante (somos 28 vezes maiores que a Itália) e apreciam a riqueza do nosso Carnaval. Conheci uma pessoa muito querida que se chamava Paolo Possidente. Ele dizia gostar muito da música brasileira, especialmente a nossa bossa nova e o chorinho. Achei interessante entrar na casa dele e ouvir música brasileira, me senti um pouco em casa, mesmo não sendo uma super fã do estilo.
Mas isso é só o lado positivo. Descobri também o lado negativo da nossa imagem pra eles. Tais opiniões nascem de estereótipos construídos por casos isolados, casos propagados pela mídia que, depois de um tempo, e com uma pitada de orgulho nacional, depredam um pouco a ideia que se tem de outras nações. Vale esclarecer que o que escrevo aqui, repito, não é uma regra geral de como pensam todos os italianos, mas sim a maioria das pessoas que conheci, e tudo aquilo que ouvi durante minha estadia no país.

A imagem da mulher brasileira
Bem, infelizmente a mulher brasileira é vista por muitos como fácil e interesseira. É uma coisa sinceramente triste, talvez pela abertura com a qual vivemos e lidamos com pessoas aqui no Brasil. O nosso país é por muitos visto como uma pequena zona, resumidamente: mulheres que oferecem sexo fácil, transexuais; loucura no Carnaval etc. A mulher italiana é um pouco mais fechada, não te dá tanta abertura e não sorri tanto. A comparação é inevitável, e o estereótipo existe, sim. O mesmo drama sofrem as romenas: os italianos as consideram no mesmo patamar, talvez porque a maioria das prostitutas que trabalham na Itália é da Romênia.
 
 
Mas no Brasil se fala espanhol?
Encontrei alguns italianos que pensavam que no Brasil se falasse espanhol. Muitos italianos não têm a menor dificuldade com a língua espanhola, e então acham que aqui se fala espanhol também. Na verdade entendo esse raciocínio, já que na Itália falam-se tantos dialetos que é difícil acreditar que num país tão gigante como o nosso se fale somente uma língua. É incrível o fato que os italianos consigam entender tanto espanhol e não conheçam nenhuma palavra em português, tendo Portugal ali tão pertinho. Conheci algumas pessoas que sabiam que o português tinha muitos sons nasais. Um couchsurfer chamado Tiziano Virive, de Roma, me disse que a única coisa que sabia da nossa língua é que pra falar português tem que usar muito o nariz, né?
 
O que muitos pensam do brasileiro
Mais uma vez, infelizmente, uma ideia que muitos italianos têm de nós. Diria que não só italianos pensam assim, mas muitas pessoas que já conheci, de outras nacionalidades. O brasileiro é visto como um malandro, aquele que sorri pra você sempre, aquele que prefere ir à praia a trabalhar. Agora vem cá, quem prefere ir trabalhar a passar pela praia e curtir o mar? A hipocrisia é tanta que não consigo entender certos estereótipos. Ninguém sabe a dificuldade de muitos brasileiros que são trabalhadores, que acordam cedo e pegam ônibus lotado para ir ao trabalho. Brasileiros esses que, sim, curtem o carnaval e adoram ir à praia, mas sabem ter responsabilidade também quando se trata de trabalho. Certamente existem pessoas que não querem trabalhar e preferem viver parasitariamente, mas é só no Brasil que acontece isso?

  • Digg
  • Del.icio.us
  • StumbleUpon
  • Reddit
  • RSS

1 comentários:

Unknown disse...

Muito legal essas curiosidades sobre a Itália! É engraçado quando nos deparamos com uma realidade e costumes diferentes dos nossos.

Postar um comentário